E se Obelix fosse autista? Provavelmente diria, "Por Tutatis estes gauleses estão loucos!". Hoje, mais do que nunca, somos assaltados diariamente com o dia disto ou aquilo. Sexta-feira passada foi o dia do fétiche! Por Tutatis, (...), seria novamente uma frase bem aplicada, certo? Mas há uns anos atrás ouvíamos com mais frequência coisas como, "Em Janeiro, sobe ao outeiro. Se vires verdejar, põe-te a chorar; se vires terrear, põe-te a cantar. ", ou "Quando não chove em Fevereiro, nem bom prado nem bom celeiro.". Hoje parecem ser mais aqueles que se queixam de que a celebração dos dias parece ser uma mera operação de cosmética apenas para fazer mais um post. E não para procurar fazer algo significativo pelo que é celebrado. No autismo também acontece. Dia 18 de fevereiro é o dia Mundial da Síndrome de Asperger e 2 de abril celebra-se o dia Mundial para a Consciencialização do Autismo. Enquanto alguns se detêm na discussão se as pessoas se devem "acender de azul", muitos se perguntam o que irão fazer o resto do ano.
No dia 2 de abril de 2019, dia Mundial para a Consciencialização do Autismo, foi aprovado o Plano de Acção para pessoas com Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) de Castela e Leão foi aprovado em 2 de abril, pelo Ministério da Família e Igualdade de Oportunidades, Educação, Emprego e Saúde da Junta de Castela e Leão. Para disseminar esse plano, a Federação Espanhola de Autismo desenvolverá uma campanha de comunicação ao longo deste ano de 2020, com o slogan 12 meses, 12 linhas, para que a cada mês uma das 12 linhas desse mesmo plano seja anunciada.
O lema principal da campanha é “Eu sou uma pessoa com autismo, e tu o que podes fazer?”, Uma vez que a ideia principal a transmitir é a responsabilidade social que todos temos na melhoria da qualidade de vida das pessoas com PEA. Cada um de nós, de nosso papel, pode realizar pequenas acções em cada uma das linhas do plano, que será um passo que nos aproxima de nosso objectivo final: Melhorar a qualidade de vida das pessoas com PEA. Os promotores desta campanha desejam que a mesma seja participativa e que envolvesse a sociedade. Portanto, a cada mês, será partilhado o testemunho e a experiência de uma pessoa com autismo, enquadrada na linha do plano correspondente, seguida pela pergunta -"O que você pode fazer?, Para que os seguidores desta campanha e outros interessados participem, oferecendo as suas iniciativas e sugestões sobre as diversas acções que poderiam ser realizados para prevenir, responder ou minimizar algumas situações problemáticas que as pessoas com PEA geralmente enfrentam e que são exemplificadas nesse testemunho.
O Plano de Acção com 12 linhas de acção estratégicas, tem 4 linhas transversais (sensibilização e consciencialização, acessibilidade, pesquisa e formação de profissionais) e 8 linhas específicas (detecção e diagnóstico, atendimento precoce, saúde e cuidados de saúde, educação, emprego, vida independente) justiça e empoderamento de direitos e apoio às famílias).
Esta etapa é alcançada após muitos anos de lutas por parte dos familiares de pessoas com diagnóstico de Perturbação do Espectro do Autismo, mas também dos próprios com o diagnóstico e dos profissionais de saúde. O movimento associativo criado permitirá avançar na melhoria da qualidade de vida e no usufruir efectivo dos direitos das pessoas com PEA e suas famílias.
Muito frequentemente se pergunta acerca dos números de pessoas com autismo. Qual a prevalência de casos em Portugal? Apesar do último estudo datar de 2005 (tese de doutoramento da Dra. Guiomar Oliveira). Foi frequentemente publicado um estudo de prevalência realizado na Catalunha e que apresenta resultados idênticos aos encontrados em outros países como os EUA e o Reino Unido. Ou seja, a ideia de que haveria uma maior diferença entre os vários países começa a não fazer sentido. A prevalência tem aumentado significativamente nos últimos 40 anos, e agora falamos de 1 caso por cada 100 nascimentos, o que no caso de Espanha representa mais de 450.000 pessoas com diagnóstico de PEA.
Há muito para continuar a fazer neste campo, é verdade. Daí me ter lembrado dos livro dos "12 trabalhos de Obelix". Mas este trabalho não é para ser feito apenas por um de nós. O trabalho ficará melhor feito com a participação de todos, envolvidos directa e indirectamente na causa do autismo.
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