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Filho és, pai serás

Uma questão que ocorre frequentemente nos pais quando levam os filhos para fazer uma avaliação psicológica para despiste de alguma perturbação psiquiátrica costuma ser - Eu terei alguma responsabilidade?! O que na verdade representa a dúvida de se os pais também terão eles próprios alguma perturbação psiquiátrica. Até porque cada vez mais se fala sobre a participação genética na ocorrência de certas perturbações. E os próprios profissionais de saúde vão sublinhando essa informação junto dos pais. Nomeadamente, porque estes têm o direito a saber se alguma coisa se passa com eles, principalmente quando estes colocam essa questão de uma forma directa. E no caso das avaliações de Perturbação do Espectro do Autismo ainda mais se parece colocar. Afinal, os pais de crianças autistas que tipo de situação clinica é que eles apresentam? E que tipo de apoio precisam? É que os pais vão continuar durante muitos anos a ser um núcleo fundamental de suporte para o filho autista. E também os pais precisam de ser cuidados.

É muito frequente no processo de avaliação e de acompanhamento de pessoas autistas, sejam crianças, jovens ou adultos, encontrar o núcleo familiar com níveis altos de sofrimento psicológico. Embora haja pouco conhecimento sobre as perturbações psicológicas existentes nesta população - pais de autistas.


Para além de sabermos os principais critérios de diagnóstico de uma Perturbação do Espectro do Autismo. É comum que numa criança ou jovem autista se verifiquem outros comportamentos, que podem incluir comportamentos disjuntivos e imprevisíveis, tais como períodos prolongados de gritos, comportamentos agressivos e violentos, comportamentos suicidas e meltdonws. Muitos dos pais identifica que as dificuldades comportamentais dos seus filhos continuem o aspecto mais desafiador da sua experiência parental, e parecem estar muito mais acima das dificuldade de comunicação e do nível alto de apoio prático que os seus filhos autistas requerem.


Embora a literatura cientifica tenda a associar as condições com maior gravidade de comprometimento cognitivo em crianças com PEA com piores resultados de saúde mental para os pais. A experiência dos pais que têm filhos com PEA sem deficiência intelectual não pode ser esquecido. Alguns desafios comportamentais, como a agressão e autolesão, não são previstos pela gravidade dos sintomas de PEA ou nível de perfil cognitivo. Apesar desses desafios significativos, é importante sublinhar que alguns pais reportam uma sensação de crescimento pessoal no contexto da convivência com os seus filhos autistas, reflectindo sobre a experiência como algo que promoveu uma mudança pessoal nas suas pessoas.


No entanto, são muitos os pais de crianças com PEA que relatam níveis mais elevados de

stress do que os pais de crianças neurotípicas e crianças com outras deficiências, como síndrome de Down ou paralisia cerebral. Atendendo a estes níveis altos de stress, parece apropriado especular que os pais de crianças com PEA podem ter um risco mais elevado de desenvolverem problemas psicológicos do que os pais de crianças com desenvolvimento típico.


O aumento da psicopatologia em pais de crianças com PEA tem sido associado a um pior funcionamento dos pais, maior conflito com os filhos e conjugues, maior gravidade dos problemas comportamentais nas crianças e o aplicação de estilos parentais mais severos.


As perturbações depressivas em pais com crianças com PEA, apresentam uma maior proporção (31%) do que a prevalência global estimada da depressão na população em geral (4,4%). As perturbações de ansiedade têm uma proporção combinada de 33%, significativamente maior do que a prevalência global estimada na população em geral (3,6%). A Perturbação Obsessivo Compulsiva tem uma prevalência de 10% enquanto que na população em geral é de 1,9%. As Perturbações da Personalidade, a proporção combinada é de 4% sendo ligeiramente menor do que as estimativas internacionais para a população em geral (6,1%).


Como podemos perceber, os pais com filhos autistas apresentam eles próprios um conjunto de características que atesta a necessidade de se olhar para eles com uma outra perspectiva. Nomeadamente, de eles próprios poderem ser cuidados, seja em relação às perturbações psiquiátricas que possam ter e como ficou visível, a probabilidade é maior. E para isso, é preciso compreender que muitos pais no momento em que descobrem isso, estão quase totalmente orientados e motivados para ajudar os filhos. Por isso, é de esperar que possa olhar esse descoberta em si como secundária e relegada para um segundo plano naquilo que há a fazer. É importante validar esta motivação dos pais para ajudar os filhos, mas é fundamental lembrar a importância de cuidarem de si, também para poderem continuar a ajudar os filhos. Um outro aspecto esperado nestas situações é a de uma maior reactividade. Os pais são adultos que até então nunca ninguém lhe tinha referido que tivessem alguma perturbação psiquiátrica. Foram crescendo e desenvolvendo a ideia de que aquela maneira de pensar, sentir e fazer as coisas é normativo. E daí a maior resistência a aceitar uma outra explicação para a sua forma de ser, enquadrada numa perturbação psiquiátrica. Isto uso, além do próprio burnout sentido enquanto cuidadores informais de crianças autistas, que independentemente das suas características vão criar um conjunto de desafios. Desafios estes que cruzados com algumas das características dos pais vai levar a uma auto-eficácia percebida mais baixa e por conseguinte um aumento do burnout sentido e um agravamento da sua sintomatologia psiquiátrica.

 
 
 

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