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Express yourself

Não tenho informação privilegiada sobre o diagnóstico da Madonna. Nem se ela será activista pela causa do Autismo. Mas a letra desta música, ainda que adaptada, pareceu-me encaixar neste post - A importância e o direito à mulher Autista se expressar e do que pode ser preciso para isso continuar a acontecer mais.

São várias as situações e fenómenos sociais em que se fala da utilização da discriminação positiva para equilibrar um determinado grupo que é desrespeitado nos seus direitos. Seja pela utilização de quotas que obrigam a determinada percentagem de lugares nas Organizações para as pessoas pertencentes a esses grupos. Ou pelo recurso à legislação para regulamentar determinados comportamentos. Mas também a própria informação, formação e sensibilização da Sociedade para criar a possibilidade da mudança ocorrer.


Há umas semanas atrás a minha colega Dra. Joana Terra apresentou em reunião clínica a existência de um grupo de competências sociais para raparigas/mulheres Autistas. Um grupo com algumas configurações diferentes e que diferem dos grupos meramente para treinar as competências sociais. Ou seja, um grupo em que possa ser trabalhado de uma outra forma comportamentos e experimentado situações mais próximas da realidade vivida pelas próprias raparigas/mulheres autistas no seu quotidiano.


Por várias ordens de razão na altura lembro de me ter insurgido contrário a essa proposta - a criação de um grupo de competências exclusivo para raparigas/mulheres autistas. Entre outras razões porque os temas existentes a abordar possam ser transversais. Mesmo que estejamos a falar de questões mais próximas do sexo feminino por questões de ordem biológica, como por exemplo, a menstruação. Não deixo de compreender que em alguns assuntos, mulheres e homens, independentemente de serem autistas se possam sentir mais à vontade em os abordar num grupo mais exclusivo. Penso que a questão é mais abrangente do que isto e que podemos pensar que questões semelhantes já se colocaram e continuam a colocar em relação a criar grupos de crianças/jovens/adultos mistos com e sem perturbação do neurodesenvolvimento. Da mesma maneira que já foi equacionado em tempos as escolas para raparigas separadas dos rapazes.


Agora surgiu em Nova York a Felicity House. Um espaço onde o lema é "A place where you don't need to translate yourself". Este novo espaço é um clube social para mulheres com autismo e que se encontra integralmente preparado para aquilo que são as necessidades das suas ocupantes. Desde a questão do conforto térmico ao ruído, passando pelos odores, texturas e outras questões que foram sendo aprendidas ao ouvir raparigas e mulheres autistas estão tidas em conta. Um espaço idílico sem dúvida e muito sonhado pela totalidade das minhas clientes raparigas/mulheres autistas.


Neste espaço comum há a oportunidade não apenas do conforto sentido mas também do reconhecimento por parte do grupo das características que tal como o lema indica não precisam de ser traduzidas. Penso ser mais do que compreensível esta necessidade. Até porque até ali chegarem aquelas raparigas/mulheres tiveram de explicar-se, justificar-se, desculpar-se acerca da sua própria maneira de ser. E isso esgota, cansa, aborrece, leva a que a pessoa queira desistir de alguém que é próprio na condição humana - relacionar socialmente. Sim, porque os Autistas e as raparigas/mulheres Autistas talvez mais do que os homens procuram mais frequentemente a relação social.

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