As medidas introduzidas como resposta à disseminação do COVID-19 tiveram um grande impacto nas opções de escolaridade para todos os alunos. Mas como em tudo na vida, há situações e medidas para dar uma resposta a essas mesmas situações que são causadoras de um maior impacto a uns do que a outros. Veja-se os casos dos alunos de risco, por exemplo. As medidas, como sempre, são tomadas atendendo a generalidade das pessoas. Da mesma forma que as leis. Ainda que se procure sempre que possível atender a situações particulares e que podem colocar em risco essas mesmas pessoas. O certo é que nem sempre se está a compreender o impacto que as situações e algumas das medidas estão a ter na vida das pessoas. E é por isso que este regresso à escola tem dado provas, a nível Europeu e não apenas em Portugal, que os alunos autistas parecem não estar a ser tidos em conta em algumas tomadas de decisão. Até porque muitos destes alunos vão continuar a precisar de um planeamento e apoio individualizado. Para além do mais tem estado a haver alterações na própria constituição das turmas e nos seus horários, levando algumas vezes, a que os técnicos que prestavam apoio a estes alunos sejam em número igual, e como tal vejam mais dificultado o trabalho tão fundamental junto destes. As alterações que agora parecem surgir com maior frequência levam a uma necessária e rápida adaptação de todos. Facto que no caso dos alunos autistas acaba por ter um tempo próprio que precisa de ser tido em conta. Da mesma forma que no inicio desta situação pandémica já se falava da situação de algumas pessoas, entre elas as pessoas autistas, com maior dificuldade no uso da máscara. A situação continua a ser verdade para muitos destes alunos. E se pensa que estas breves descrições são situações esporádicas, o relatório do Instituto Nacional de Reabilitação referente ao ano de 2019 refere que o número de queixas por incumprimento e maior dificuldade ou impossibilidade de acesso a serviços aumentou 30% face ao ano anterior. É verdade que neste relatório estão inscritas várias situações que se referem a diferentes deficiências. No entanto, isso aponta para a forma como o país olha para as diferenças e como em momentos de maior dificuldade sócio económica a situação tendencialmente agrava. Além do mais, es especificamente para as pessoas autistas, os vários países europeus tem-se desdobrado em levantamentos de situações para alertar acerca das situações que colocam em perigo estes estudantes, comprometendo as suas aprendizagens, mas o seu próprio bem estar também. Até porque no caso destes alunos, as suas dificuldades vêm-se agudizadas por todo este enquadramento. E como tal observa-se um agravamento da sintomatologia e em alguns casos regressão. Tendo em conta que aquilo que observamos é uma redução dos apoios existentes. O somatório leva a uma situação dramática e que não pode ficar de fora, sob pena de voltarmos a falhar a quem mais necessita. Será fundamental que os pais com filhos autistas se continuem a organizar e a reportar as situações com que se confrontam junto das associações de apoio e que solicitem orientação quando sentem que os direitos dos seus filhos não estão a ser devidamente atendidos. Aqueles que já se encontram a ser acompanhados será fundamental que possam continuar a contar com o apoio dos seus terapeutas, não somente no trabalho especifico da terapia, mas também na melhor orientação para que a escola possa continuar a responder adequadamente.
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