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Aprendizagem ao longo da vida

Aprendizagem ao longo da vida é um conceito há muito usado e aplica-se nas mais variadas situações e grupos de pessoas. Muito frequentemente ouvimos, "as pessoas com Perturbação do Espectro do Autismo têm estas e aquelas dificuldades..." ou "as pessoas com PEA precisam de desenvolver competências para se adaptar melhor a...". Ou seja, parece haver a ideia de que há algo errado com as pessoas com PEA e são elas que precisam de mudar. Isto acontece em crianças e adolescentes com PEA em idade escolar. Mas quando chegam ao Ensino Superior a situação parece continuar. Fará sentido?

J. é um jovem brilhante, ambicioso e bem disposto de 22 anos. Ele quer ser um geólogo. No entanto, J. tem dificuldade em manter o foco numa sala de aula com uma grande dimensão e que possibilita a presença de um número considerável de alunos. As actividades em grupo, prazos apertados e palestras em ritmo acelerado são um enorme desafio. Ele tem dificuldade em pedir ajuda aos professores e, às vezes, parece tão contundente ou constrangedor. É assim o J. e tantos outros jovens com Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) que entraram e se encontram a frequentar o Ensino Superior.


Muitos de nós, nos mais variados papéis já nos perguntamos como apoiar um aluno como o J., certo? Enquanto alguns jovens procuram opções profissionais após o ensino médio, outros procuram o ensino superior em uma variedade de cursos. Vários jovens adultos com PEA têm um perfil cognitivo médio ou acima da média, possuem competências avançadas de linguagem e leitura e são altamente confiáveis ​​e trabalham bastante. Como todos os estudantes do ensino superior, os alunos com PEA esperam e acreditam que seu tempo no ensino superior possa durar entre 3 a 5 anos e que os levaria a um emprego ou carreira no seu campo de interesse. No entanto, uma grande maioria desses estudantes não desfruta de sua experiência na faculdade e chega mesmo a abandona-la.


A taxa de alunos que completam a sua formação superior com um diagnóstico de PEA é de cerca de 41% em comparação com a taxa de graduação de 59% de estudantes com um desenvolvimento normativo. Estes números não reflectem a realidade Portuguesa mas sim a dos EUA. Contudo, pensa-se que a situação em Portugal possa ser semelhante ou até mesmo pior. Espera-se que aproximadamente 500.000 estudantes com PEA procurem opções pós-secundárias nos Estados Unidos até 2020. Embora esses jovens adultos e seus familiares procurem uma experiência agradável e significativa na faculdade, o corpo docente e os funcionários da universidade não estão bem equipados para entender e apoiar os pontos fortes e as necessidades dessa população em crescimento. É sabido que no nosso pais a situação é muito semelhante e o desconhecimento acerca da PEA na comunidade académica é grande.


Ao longo do ensino obrigatório, os pais e a comunidade escolar são responsáveis ​​por fornecer os serviços necessários para apoiar a aprendizagem e a educação dos alunos com algum tipo de incapacidade, incluindo aqueles com autismo. Após a transição desses estudantes para o ensino superior, o suporte e os serviços individuais não estão mais disponíveis. Pelo menos não de uma forma semelhante ao existente até então. Além disso, a responsabilidade de procurar apoio recai sobre o jovem adulto. O gabinete de apoio aos alunos com necessidades inclusivas nas universidades de ensino superior oferece várias acomodações, como tempo extra em testes, apoio tutorial, material especializado e adaptado para a sala de aula, etc. Embora alguns estudantes no espectro do autismo beneficiem dessas acomodações, vários estudantes acham insuficiente e/ou irrelevante para as suas necessidades. Portanto, grande parte do apoio precisa ser fornecido por membros do corpo docente que tenham compreensão e consciência experiencial directa dos pontos fortes e dos desafios de seus alunos.


Algumas das estratégias possíveis de serem usadas pelos professores no ensino superior são em certa medida aquelas usadas anteriormente ao longo do ensino obrigatório. É importante lembrar que a heterogeneidade é comum em pessoas com PEA. Cada pessoa com PEA é único nas suas competências. Portanto, nem todas as estratégias se aplicam a todos os adultos jovens no espectro do autismo. Caso sinta necessidade o professor deve poder consultar serviços especializados, seja na faculdade ou fora dela para poder conseguir providenciar o melhor trabalho possível junto dos seus alunos.


Desde poder ter disponibilidade para estabelecer uma relação de maior proximidade com o aluno e conseguir ganhar a sua confiança. Passando por explicar com mais frequência o porquê de se abordar determinado tópico nas aulas. Não esquecendo a importância das aulas poderem ter uma estrutura melhor definida que ajuda a que os alunos possa ser mais capazes de realizar autonomamente os seus trabalhos e aprendizagem. Ser explicito e poder fazer com a devida adequação intervalos. Até permitir diferentes formas de uma mesma questão poder ser respondida. E o mesmo se aplica aos trabalhos a realizar e ao restantes métodos de avaliação escrita ou oral. E não esquecer que em algumas situações de sala de aula pode acontecer que o aluno possa confrontar o professor com determinada questão. No caso dos jovens com PEA a forma usada pode ser entendida como desadequada. Não leve isso a peito e não confronte o aluno também de uma forma igualmente desadequada.

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