Dizia Fernando Pessoa "Meu pobre Portugal, Dóis-me no coração. Teu mal é o meu mal. Por imaginação.". A pobreza não é um factor protector do Autismo mas que atrasa (ainda mais) o seu diagnóstico e intervenção atrasa.
Crianças, jovens e adultos que habitam em bairros carenciados e os seus rendimentos são baixos ou adultos que não têm formação ao nível do Ensino Superior têm menos probabilidade de serem diagnosticadas com Perturbação do Espectro do Autismo em comparação com crianças, jovens e adultos com melhores condições sócio-económicas.
Os estudos nesta área tem sido cada vez mais e em diferentes países. A preocupação centra-se não apenas em países desenvolvidos, como por exemplo, Reino Unido, Estados Unidos, França, Suécia, etc., mas também em países em desenvolvimento, Nestes últimos em que as necessidades de formação e número de técnicos escasseia junta-se o facto de uma percentagem significativa da população viver em níveis muito abaixo do limiar da pobreza. As respostas na área da saúde e social são quase inexistentes e ainda mais na área das Perturbações do Neurodesenvolvimento.
Portugal ocupa o 11º lugar em termos de risco de pobreza e exclusão social. Ou seja, cerca de um quarto da população Portuguesa (23,3%) está em risco de pobreza ou exclusão. Se cruzarmos este número com outro número publicado no final de 2018 pelo CDC em Atlanta acerca da prevalência do Autismo nas crianças - 1 em cada 40, ou por Brugha e colaboradores em 2011 no Reino Unido nos adultos - 1 em cada 100. Conseguimos prever que o número de pessoas em Portugal que não têm capacidade socioeconómicas para obter uma resposta médico-psicológica na área das Perturbações do Neurodesenvolvimento é grande. Quão grande será não sabemos. Mas urge fazer algo.
Por exemplo, a CAPITI - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Infantil é uma IPSS que nasceu no PIN cuja missão é contribuir para um desenvolvimento saudável e mais autónomo das pessoas com uma Perturbação do Neurodesenvolvimento.
É fundamental capacitar as estruturas de saúde ao nível dos cuidados de saúde primária por todas as razões e mais esta relativamente às Perturbações do Neurodesenvolvimento. As pessoas mais carenciadas a nível socioeconomico apresentam maior probabilidade de serem consultadas pelo seu médico de clínica geral e familiar. Não é a única mudança. Até porque precisaríamos de descentralizar os serviços da especialidade da área do Desenvolvimento para poder dar uma resposta adequada às pessoas.
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