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Foto do escritorpedrorodrigues

A arte salva-nos

A arte salva-nos e também nos traduz. Tal como esta obra do André Rosa do Atelier Próximo Passo, baptizada de Brighter Side. O André é um jovem adulto autista e há muito que desenha. Nem sempre desenhou da mesma forma. Tem crescido. Tal como o seu autismo e a sua arte. Brighter Side, procura mostrar-nos o outro lado. Nós sabemos que ele está lá. Nem sempre o vemos ou procuramos. Por vezes receamos. Não sabemos o que está nesse outro lado. Ou sabemos. Dizemos que é diferente deste nosso outro lado, e isso pode ser suficiente. Friedrich Nietzche diz, "Temos a arte para não morrer ou enlouquecer perante a verdade.". A verdade, a realidade do André tem sido complexa. A condição do André tem-lhe colocado inúmeros desafios, externos e internos. A comunicação no espectro do autismo apresenta determinadas características que podem comprometer a interacção e a expressão do sentir. Não que o André não comunicasse, porque sempre comunicou. Para qualquer um de nós tivesse disponibilidade para o escutar, ouviria a sua expressão e a da sua arte. E ao longo dos anos, ambas as expressões passaram a ser uma só. Continua Nietzche dizendo, "Somente a arte pode transfigurar a desordem do mundo em beleza e fazer aceitável tudo aquilo que há de problemático e terrível na vida.”. Tal como o filósofo prussiano, também o André tem procurado nos dias sem chão nem eixo, nos momentos mais conturbados e em que a esperança se afoga em si própria, procurar traduzir a sua cosmovisão. Trazer ao de cima o seu sentir e ver do Mundo e do Outro, mas também de si próprio. A arte é este refúgio, onde nos aninhamos fugidos do endurecimento da alma, que nos desenha um sorriso no rosto ainda que ele não estivesse lá. Nos faz desejar as coisas mais leves, de trazer algum sentido ao Mundo.


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