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Saúde mental & género: As Perturbações do Desenvolvimento no feminino

Estando no séc. XXI porque continua a fazer sentido insistir no tema do feminino nas perturbações do desenvolvimento? Não são os homens e mulheres tratados igualmente nesta área?

No dia 8 de março o PIN irá promover o Seminário Perturbações do Desenvolvimento no feminino (https://pdfeminino.webnode.pt/) consciente do muito que ainda falta fazer. Mas certo do seu contributo para a melhoria da compreensão das Perturbações do Desenvolvimento no feminino e da resposta (psico)terapêutica mais adequada.


Se ainda estamos longe de uma completa compreensão do Autismo de uma forma geral. Talvez ainda estejamos mais longe da compreensão da variabilidade da expressão fenótipica em função do sexo. E sim, a expressão das características comportamentais das raparigas comparativamente aos rapazes no Espectro do Autismo são diferentes. Mas também são compreendidas de maneira diferente por muitos de nós - pais, professores, profissionais de saúde, etc.


Por exemplo, se por um lado temos uma rapariga autista que pode apresentar capacidade de estabelecer contacto ocular ou até mesmo desejar estabelecer interacções sociais com as colegas. Por outro lado temos pais, professores e profissionais de saúde que parecem ter alguma dificuldade em aceitar o diagnóstico, justificando a sua resposta com base naquilo que são os critérios de diagnóstico da DSM-5. E na escola a rapariga autista tem mais dificuldade em que as medidas educativas sejam aplicadas conforme previstas na legislação. Porquê? Porque na escola há quem diga que uma rapariga autista não pode fazer contacto ocular ou desejar estabelecer contactos sociais.


Na família este facto é igualmente preocupante. Porquê? Porque os pais podem entender que os sintomas depressivos e de ansiedade são normais nas raparigas adolescentes e por isso podem não ser suficientemente valorizados. E quando são levadas pelos pais aos médicos, psicólogos, etc., também alguns destes apresentam dificuldades em conseguir compreender de forma mais compreensiva o quadro clínico apresentado. E como tal dificulta o diagnóstico correcto e por conseguinte a melhor intervenção.


Mas porquê? Se estamos no séc. XXI e se sabe que ambos rapazes e raparigas podem ter autismo? É verdade que se diz que mais rapazes do que raparigas podem ter autismo. Mais precisamente dizem que por cada 4 rapazes há 1 rapariga com autismo. Talvez esta informação repetida ao longo dos anos tenha força suficiente para construir a ideia de que o autismo é uma perturbação de rapazes e isso faz com que exista um enviesamento na atenção às raparigas nas perturbações do desenvolvimento. Talvez!


Ao que parece as mulheres são mais socializadas do que os homens no sentido de internalizar o stress. Este facto parece estar a contribuir para um conjunto de perturbações associadas à depressão, ansiedade, etc. E por outro lado, os homens parecem ser encorajados a expressar o seu stress de maneira mais externalizada e como tal parece haver uma maior ligação com comportamentos agressivos, etc.


Como no autismo há ideia de as pessoas não socializarem. Ora se as mulheres são mais encorajadas a socializar então as mulheres apresentam uma menor prevalência de serem autistas. Esta associação redutora só prova a nossa falência e ignorância enquanto sociedade justa. É fundamental poder afirmar que há autistas que socializam e tiram prazer disso. Como há mulheres que sofrem imenso por sentirem que têm de desenvolver competências sociais de socialização para se tornarem iguais às mulheres normativas e se integrar nos grupos sendo elas autistas.


No dia 8 estaremos consigo para ajudar a construir uma ideia mais justa das Perturbações do Desenvolvimento que integre tod@s.

 
 
 

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