As pessoas não são honestas!, diz Cláudio (nome fictício). Eu deixei de acreditar nas pessoas há muito tempo, refere Joana (nome fictício). No meu caso eu nunca soube perceber se as pessoas estavam a dizer a verdade ou não, diz Júlio (nome fictício). Por exemplo, já assisti a situações em que eu dizia com muita certeza que as pessoas estavam a brincar e afinal estavam a falar a sério, e o contrário também, diz Vanda (nome fictício).
Mas afinal como é que nós sabemos que as pessoas estão a dizer a verdade? Há algum conjunto de sinais que tenhamos de aprender para descodificar a verdade? Ou simplesmente confinamos nas pessoas e naquilo que nos estão a dizer?
Se pudéssemos usar um poligrafo como aqueles que se usam nos filmes, diz Júlio. Isso não vale de nada, diz Joana. As pessoas quando querem mentir conseguem fazer de maneira que ninguém percebe, acrescenta. Por exemplo, naquele filme Uma questão de honra, o coronel representado pelo Jack Nicholson mostra bem essa questão do que é a verdade e das verdadeiras inverdades, acrescenta Cláudio, cujo seu grande interesse são filmes policiais e de suspense. Eu uso muito a técnica de perceber se a pessoa está a usar muitos hummmm's enquanto está a conversar, diz Vanda. Vi isso num documentário sobre o tema e achei que seria interessante usar, continua. Experimentei duas ou três vezes e acho que correu bem, conclui. Isso é como alguém que está a gaguejar? pergunta o Júlio. É que se for não sei se isso será uma boa estratégia, refere. Até porque há pessoas mais ansiosas, tal como eu, e que gaguejam ou fazem certos sons quando estão a falar e ficam mais ansiosos. E não é sinónimo de estarem a mentir, conclui. Mas isso quer dizer que assim nunca vamos saber se as pessoas estão a mentir ou não, diz Joana com uma voz algo frustrada. As pessoas parecem valorizar muito essa questão da verdade, diz Telmo (nome fictício), que estava calado desde o principio. O que é isso da verdade?, pergunta ao grupo. E como é que alguém pode decidir se aquilo que foi dito é totalmente a verdade? E não será aquela uma verdade possível de entre todas as outras verdades possíveis de poder dizer de acordo com a perspectiva de cada um?, pergunta em jeito de conclusão. Deixem-se de coisas e vivam a vossa vida!, conclui e levanta-se para ir para o outro lado da sala. Isso são demasiadas filosofias, diz Cláudio. Aquilo que a a Vanda disse faz-me sentido, refere. Os meus pais estavam sempre a dizer que nunca desconfiavam daquilo que eu lhes dizia porque eu falava sempre de uma forma assertiva diziam eles, acrescenta. Eu nunca uso esses hummmmm's ou outros sons. Falo sempre de uma forma fluente, conclui. Para mim continua a contar muito o facto daquela pessoa já me ter enganado no passado, diz Joana. Mas e se for uma pessoa nova?, pergunta Júlio. Dessa forma estamos sempre dependentes, conclui. Mas isso não tem problema, diz Joana. Eu não conheço pessoas novas, remata. Todos acenaram com a cabeça esboçando algum sorriso.
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