Post | Autismo no Adulto
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Parabéns

Como manifestado por todos os seguintes (...). Seja uma virgula quando colocado num determinado lugar. Sejam duas palavras. O certo é que as alterações sentidas podem ser grandes, pela importância que representam. E porquê?


O DSM 5 faz nove anos. É verdade, em 2013 surgiu a actual revisão do manual de diagnóstico e estatística das perturbações mentais. Mas este mês de março e com a preparação para a entrada no 2º ciclo (brincadeira) do DSM, foi feita uma nova actualização. Isso mesmo, agora temos o DSM 5 TR.


Já não é a primeira vez que isto ocorre. Quando em 1994 saiu o DSM IV, foram precisos cerca de seis anos, para em 2000 ter sido publicada o DSM-IV-TR.


No fundo, o DSM-5-TR é uma revisão de texto do DSM-5 e inclui texto revisto e novas referências, esclarecimentos sobre critérios de diagnóstico e actualizações aos códigos existentes. Apresenta uma nova perturbação, designada Perturbação de luto prolongado, bem como códigos para comportamento suicida e auto-lesão não-suicida. O DSM-5-TR baseia-se em actualizações à literatura científica desde a publicação do DSM-5 em 2013 e envolveu a ajuda de mais de 200 especialistas refere a nova redacção do manual.


Esta nova versão, inclui alterações às definições de autismo e incapacidade intelectual que os especialistas dizem que vão clarificar ainda mais os diagnósticos existentes.


A entrada do manual para a deficiência intelectual passará a ser designada como "Perturbação do desenvolvimento intelectual (deficiência intelectual)" para se alinhar mais estreitamente com o sistema de classificação da Organização Mundial de Saúde, que utiliza "Perturbações do desenvolvimento intelectual". A Perturbação do desenvolvimento intelectual incluirá também a linguagem revista para comunicar que, embora o diagnóstico "não deva ser limitado à gama de pontuação de QI de 65-75, o diagnóstico não será apropriado para aqueles com pontuações de QI substancialmente mais altas".


Uma segunda alteração visa esclarecer potenciais mal entendidos de um critério de diagnóstico. A quinta edição em 2013 exigiu um diagnóstico de autismo para incluir "défices persistentes na comunicação social e interação social em vários contextos, como se manifestam os seguintes: défices na reciprocidade social-emocional, nos comportamentos comunicativos não verbais utilizados para a interação social e no desenvolvimento, manutenção e compreensão das relações". Esta última revisão altera o número para ler "como manifestado por todos os seguintes" para eliminar a confusão sobre a inclusão de um, dois ou três dos défices descritos.


Além disso, também nesta última revisão foi adicionado que as questões sensoriais se devem apresentar como sintoma central dos critérios de diagnóstico da Perturbação do Espectro do Autismo. Isto porque as questões sensoriais no espectro do autismo são reportadas em todas as fases da vida e numa ampla variedade de perfil de funcionamento cognitivo, além de afectar o funcionamento diário e o desempenho académico. Sendo que estes sintomas sensoriais estão presentes numa variedade de formas, incluindo hipersensibilidade sensorial, hiposensibilidade sensorial, evitação sensorial e procura sensorial.


Uma outra alteração verificada troca uma única palavra descrevendo os "especificadores" que podem acompanhar um diagnóstico de autismo. Enquanto a redação do DSM-5 instrui os profissionais de saúde a especificar se o autismo de uma pessoa está "associado a outra perturbação do neurodesenvolvimento, mental ou comportamental", a versão DSM-5-TR diz: "associada a um problema do neurodesenvolvimento, mental ou comportamental". Além de ser também permitido que os profissionais de saúde indiquem problemas existentes derivados das coocorrências, tais como os comportamentos auto-lesivos.


Assim como em 2013 a quando da saída do DSM 5 em que se deixou de verificar a existência de determinado conjunto de diagnósticos diferentes para passarem a estar todos eles agrupados debaixo do mesmo chapéu com a designação Perturbação do Espectro do Autismo. Houve muitos que sentiram que a saída da designação Síndrome de Asperger pudesse deixar de fora algumas das pessoas com estas características. No entanto aquilo que se observou é que houve um aumento do número de diagnósticos feitos. Isto não obstante se continuar a verificar um número grande de pessoas que são diagnosticadas na vida adulta tardiamente.


Contudo, esta revisão publicada este mês de março não introduz um tão grande amplo número de mudanças. Sendo que aquelas propostas vão ao encontro das necessidades de esclarecimento colocadas ao longo destes nove anos. E como tal aquilo que se espera é precisamente uma maior clarificação e resposta dada às pessoas. Se vamos ficar por aqui? Certamente que não. Até porque se observarmos, a palavra autismo entrou no DSM como diagnóstico em 1980. E o autismo já existia enquanto condição desde 1943. Como se pode ver as mudanças vão continuar a acontecer. Além de que o DSM não é a Verdade Absoluta acerca do autismo. Ainda que tenha o seu peso representado em vários níveis. Será necessário continuar a querer celebrar os anos e a podermos todos reflectir acerca de tudo isto e de preferência com todos envolvidos, pessoas autistas inclusive.


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