No free or even paid hugs
- pedrorodrigues

- 5 de jun.
- 2 min de leitura
As pessoas autistas não fazem ou não conseguem isto. As pessoas autistas não fazem ou não conseguem aquilo! Estamos sempre a ouvir isto, seja num formato mais coloquial como este que aqui uso ou num enquadramento mais cientifico e mascarado de designações técnicas.
O contacto com as outras pessoas é fundamental para todos nós, sejamos pessoas não autistas ou autistas. E assim como observamos diferentes formas de fazer este contacto se tivermos em conta aspectos culturais. Vamos poder observar diferenças também se as pessoas tiverem uma forma de ser, sentir, pensar e fazer diferente, que é o caso das pessoas autistas. Mas este diferente é-o quando comparado com outras formas de fazer, nomeadamente das pessoas não autistas. Porque se não fosse o caso dessa comparação estaríamos a falar de um espectro de formas de efectuar o contacto social e não de uma diferença. Se uma pessoa autista não desejar ou sentir desagrado por abraçar, isso não significa que não queira e/ou esteja indisponível para o contacto social. E o mesmo se pode pensar para o contacto ocular.
Mas a forma como todos nós vamos propagando e criando variações daquilo que são os critérios de diagnóstico das pessoas autistas, contribuímos para esta ideia da pessoa autista como alguém que faz as coisas diferentes das pessoas não autistas. E numa perspectiva ainda mais negativa, de uma uma forma errada ou deficitária face às pessoas não autistas.
Porque é que nos custa existir formas diferentes de interagirmos? Não conhecemos pessoas em número suficiente que o fazem diferente comparativamente a nós, e isso não constituí nenhuma questão problemática. Porque será que a forma como algumas pessoas autistas interagem nos causa essa dificuldade ou até mesmo estranheza? Viajamos para outros países ou conhecemos pessoas de outros países no sitio onde vivemos e procuramos adaptar-nos. Porque não fazê-lo em relação à forma de ser da pessoa autista?
As pessoas autistas precisam de acompanhamento médico, psicológico e social, por algumas das suas características decorrentes do seu funcionamento neurológico especifico. Serão mais propensos à ansiedade e depressão, assim como a outras comorbilidades. Contudo, há todo um conjunto de necessidades suas que são derivadas principalmente da dificuldade das pessoas não autistas em compreender e aceitar a forma de ser das pessoas autistas. A escassez de recursos da saúde para as pessoas autistas poderia ser canalizado de uma outra forma havendo alterações na forma das pessoas não autistas agirem face ao autismo e às pessoas autistas.




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