Acho que aprendi a olhar nos olhos de alguém com o meu filho, diz Carmen (nome fictício). Não que eu não tivesse olhado anteriormente para os olhos de outras pessoas, continua. Mas não é a mesma coisa. Não sei o que é, não consigo explicar muito bem. É diferente, conclui.
Tinha medo que ele me magoasse, diz Rute (nome fictício). Sempre fui muito sensível. E ainda mais nos mamilos, continua. Os últimos quatro meses da gravidez não pensava noutra coisa. O médico dizia para não me preocupar que ia ser uma coisa muito natural, acrescenta. Mas o que é que ele sabia? Ele nunca amamentou. E além disso, as minhas experiências na vida foram tudo menos naturais, conclui.
Perguntava-me se a minha filha iria olhar para mim, diz Anabela (nome fictício). Eu por exemplo não gosto de olhar as pessoas nos olhos, refere. E se ela não olhasse para mim? pergunta. Li que é importante que a bebé olhe para nós quando estamos a amamentar. Eu estava disposta a fazer esse esforço. Mas não sabia se ela o iria fazer, conclui.
E até quando é que seria adequado amamentar? pergunta Clara (nome fictício). Uma amiga da minha irmã diz que amamentou até aos quatro anos. Eu não consigo pensar em seis meses, quanto mais quatro anos! refere.
E se eu me esquecer de o amamentar? pergunta Carla (nome fictício). Há dias em que eu passou sem comer nada e se não me perguntarem não me lembro, diz. Já me disseram que o bebé vai chorar quando tiver fome. E como é que eu vou saber o que o bebé estar a dizer? pergunta. Eles choram tanto. Não sei como é que vou conseguir saber e isso tem-me preocupado, conclui.
Como é que eu vou conseguir aguentar o choro? pergunta Patricia (nome fictício) com um ar angustiado. Eu não aguento as outras crianças a chorar, comenta. E o ser agarrada para mim é muito complicada. E já vi que os bebés agarram a mama. E alguns fazem-no de uma forma ávida, conclui.
Uma vez peguei no meu sobrinho ao colo e ele cheirava a azedo, diz Cláudia (nome fictício). O meu irmão diz que foi por causa de ele ter bolsado, refere. Eu só sei que não parei de vomitar. Aquele cheira deixou-me completamente agoniada. Como é que eu iria conseguir aguentar? pergunta.
Eu não sei se há outras mulheres que têm estas questões? pergunta Madalena (nome fictício). Eu não tenho nenhuma amiga e as pessoas conhecidas nenhuma tem filhos. E muito menos sei de mulheres autistas que sejam mães, refere. E todas estas incertezas deixam-me angustiada, conclui.
E como é que eu vou abordar esta questão com a minha médica? pergunta Sara (nome fictício). Eu nunca lhe disse que sou autista, menciona. E não sei como é que ela vai reagir! Além de não saber se ela está habituada a lidar com estas questões das mulheres autistas! desabafa.
E se o meu leite acabar? pergunta Cristina (nome fictício). Eu sei que sou uma pessoa muito ansiosa, mas não consigo não deixar de pensar nisso. E se deixar de ter leite? continua. E como é que o meu filho vai reagir? acrescenta. Já ouvi dizer tanta coisa e não sei no que acreditar, conclui.
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