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Cena macaca

Alguns de vocês poderão conhecer esta imagem. Outros nem por isso. O gorila invisível é um estudo de atenção selectiva desenvolvido pelos psicólogos Chirstopher Chabris e Daniel Simons. Na tarefa é pedido às pessoas que possam olhar um vídeo com seis pessoas, três com t-shirt branca e outros três com t-shirt preta, a passar uma bola de basquetebol entre eles. E enquanto estamos em silêncio a observar o video o nosso objectivo é contar o número de passes que os participantes no video fazem. A determinada altura entra um gorila no video, vai até ao meio da cena, para e bate com as mãos no peito, ficando nove segundos no ecrã. E no fim é perguntado às pessoas se viram o gorila. Nesta altura, e principalmente aqueles que nunca fizeram a experiência sentem-se capazes de dizer - Claro que iria conseguir ver o gorila a aparecer! Quem já o fez saberá o que aconteceu consigo. No caso de querer experimentar, faça aqui a experiência.


Mas não é sobre esta experiência que vos quero falar. Ainda que aquilo que quero dizer se prenda um pouco com questões de atenção selectiva.


A maioria dos adultos autistas tem problemas de saúde mental em simultâneo com a sua condição, o que leva a um maior desafio e exigência nos serviços de saúde mental, incluindo a os serviços de psicoterapia. Contudo, os adultos autistas têm dificuldade no acesso a estes mesmos serviços de saúde mental. Sendo que as barreiras existentes mais relatadas para o facto são a falta de conhecimento e experiência dos terapeutas em torno do autismo, em especial nos adultos. Assim como a pouca motivação para fazerem intervenção individual com pessoas autistas.


Mas se são psicólogos ou piscoterapeutas, não deveriam saber o que é o autismo e como intervir com autistas adultos?, perguntam alguns.


Para além de poderem não ser especializados em intervir com pessoas adultas. Os psicólogos podem ter algum conhecimento sobre o autismo, mas que pode não ir além daquilo que são os critérios de diagnóstico da DSM 5 para uma Perturbação do Espectro do Autismo. E como tal, o desconhecimento sobre o que é o autismo e como ele se expressa ao longo da vida é grande. Bem como, terem conhecimento suficiente e competências para realizarem uma avaliação e diagnóstico. Ou então terem formação e experiência para fazer intervenção psicológica com autistas adultos.


Atendendo a que o autismo e ainda mais na pessoa adulta se apresenta composto por um quadro complexo de outras condições e traços. Isto leva a que a complexidade e a severidade das situações seja marcadamente superior. Além disso, são reportadas situações de pessoas autistas adultas e que não estão a receber uma intervenção psicológica adequada para as suas necessidades. E principalmente porque a sua situação clinica não está a ser conceptualizada enquanto tal. E como tal, é comum verificarmos que a eficácia da intervenção possa ser bastante reduzida. Mas há outro aspecto que também é relatado e que tem a ver com as experiências negativas que alguns psicólogos tiveram no acompanhamento com pessoas autistas. Facto que pode ser corroborado pelos relatos de algumas pessoas autistas no acompanhamento com alguns psicólogos.


Os desafios sentidos no estabelecimento da relação terapêutica, sentido por ambos. Algumas das características que alguns psicólogos sentem ser difícil de lidar na terapia. Seja o contacto ocular, a maior inflexibilidade ou outro aspecto comportamental. O certo é que é importante poder reflectir acerca da importância no processo de formação dos profissionais de psicologia no que diz respeito às características do autismo. Seja na compreensão e conceptualização do autismo. Mas também como é que melhor nos podemos preparar para intervir junto desta população.


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