É empregador? Recentemente ouviu falar de quotas de emprego para pessoas portadoras de deficiência? Ficou assustado? Preocupado? Desorientado? É compreensível. Muitos de nós, seja por questões culturais ou características psicossociais, somos conservadores. E como tal as Organizações também o são, até porque obedecem aos princípios e valores de quem as gere. Ao longo de todos estes anos fomos construindo uma Sociedade Capacitista, assente num principio de um corpo e mente capaz, levando por conseguinte a uma discriminação e preconceito social contra as pessoas portadoras de deficiência. Quem nunca ouviu um empregador referir que opta por não empregar uma pessoa portadora de deficiência por diz que esta não vai conseguir realizar o trabalho em condições iguais a outra pessoa com um desenvolvmento normativo? E que se optar por essa escolha vai ter de fazer um maior investimento e terá certamente um menor retorno? É compreensível. Até porque durante muito tempo e ainda hoje se insiste num modelo biomédico em que olha para a (in)capacidade no sentido de a referir como um deficit, uma limitação, etc. E toda esta narrativa derivada daqui e apropriada por muitos de nós no tecido e estruturas sociais foram fazendo o resto. Eu vejo muito disto no meu dia a dia de trabalho com pessoas adultas autistas. Ainda são muitas as empresas e empregadores que desconhecem a Perturbação do Espectro do Autismo. E talvez ainda mais perigoso, são muitas as empresas e empregadores que pensam que a Perturbação do Espectro do Autismo é toda ela uma perturbação incapacitante a nível global do funcionamento humano. E ainda que possa dizer que é compreensível, visto que os empregadores não têm conhecimento acerca desta e de outras condições. Ainda assim, é importante sublinhar que ainda mais importante é poder ser tolerante face à (neuro)diversidade, e por conseguinte ser inclusivo e celebra-la. Isso tudo. Até porque os exemplos de cada vez mais e mais empresas que se estão elas próprias a tornar (neuro)diversas, mostram de forma clara os benefícios para toda a Organização, seja em termos dos resultados financeiros, mas também ao nível do bem estar e Qualidade de Vida de todos os trabalhadores da sua empresa. Ainda que para tudo isto seja necessário a pessoa atrever-se, arriscar. Mas isso não é um principio inerente ao empregador e empreendedor? Esse mesmo espirito que o levou a apostar e a criar a sua empresa e a faze-la crescer, é aquilo que é necessário para fazer um recrutamento inclusivo e integrar na sua Organização pessoas neurodiversas, tenham elas uma Perturbação do Espectro do Autismo ou outra perturbação do neurodesenvolvimento. E se enquanto empregador pensa que vai estar a fazer um favor à pessoa autista que vai empregar, então é porque ainda não percebeu a importância de uma Organização Neurodiversa. E ainda está a funcionar num modelo capacitista. Integrar um trabalhador autista na sua Organização é trazer todo um conjunto de melhorias e desenvolvimentos no processo criativo, atenção ao detalhe, resistência à "mentalidade de rebanho". Enquanto empregador você já deve ter constatado várias vezes que a sua Organização padece de alguma estagnação. Pense que ao estar a transformar a sua Organização numa cultura neurodiversa estará certamente a fazer progredi-la, assim como a todos os trabalhadores.
top of page
bottom of page
Comments