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Trabalho(s) para casa: Pela sua saúde & da sua Empresa

Nas últimas semanas foram muitas as empresas, seja a titulo preventivo ou remediativo que tomaram medidas adequadas à situação vivida e deram indicação aos seus colaboradores para irem para casa em teletrabalho. O conceito apesar de não ser novo trouxe um conjunto de alterações grandes na maior parte dos colaboradores. Não somente porque os próprios processos de trabalho passaram a ter algumas diferenças mas o próprio local de trabalho passou a ser diferente, ainda que seja a casa da pessoa. Mas adicionalmente a tudo isso há um conjunto mais abrangente de questões que precisam de ser tidas em conta, seja no presente momento mas também a médio e longo prazo. O facto de poderem ter filhos e também estes estarem em casa, o receio de poderem perder o seu trabalho, preocupação com a sua saúde e a dos seus familiares e amigos, etc. Tudo isto em cima de uma conjuntura já ela difícil - 1 em cada 6 colaboradores apresenta um diagnóstico de Perturbação psiquiátrica em cada ano de trabalho.

Quando nas últimas semanas algumas empresas começaram a dizer aos seus colaboradores para irem para casa em sistema de teletrabalho foram muitos aqueles que começaram a pensar numas férias antecipadas e até mesmo a celebrar. Não penso que estivessem verdadeiramente a celebrar no verdadeiro sentido da palavra. Muito provavelmente estariam mais ansiosos que outra coisa e estariam a procurar reagir a toda aquela situação e ao conjunto grande de incertezas que tudo aquilo poderia vir a representar para si, no presente momento e no futuro. Muitos começaram a sentir um aumento no desconforto e mal estar emocional. O aumento do batimento cardíaco começou a disparar e alguns sentiram quebras na tensão arterial e mal estar fisico associado. A catadupa de pensamentos com finais mais catastróficos disparou e as pessoas sentiram que estariam dentro de um qualquer filme surrealista e com a banda sonora da série Black Mirror, ou para aqueles da minha geração - A 5ª Dimensão.


Todos passaram a ter de alterar as suas rotinas. Houve aqueles que começaram mais cedo porque as suas empresas agiram de forma preventiva e já estavam a funcionar em teletrabalho ainda antes da situação do Coronavirus em Portugal ter disparado. Normalmente são empresas que já tem essa prática integrada no seu funcionamento quotidiano. Os colaboradores nessas situações parecem estar muito mais adaptados, não apenas nos processos de trabalho mas também na integração das suas actividades nas rotinas diárias. No entanto, há todo um conjunto significativo de pessoas que para além de não terem um conhecimento aprofundado do conceito de teletrabalho. Têm adicionalmente um conjunto de outras questões que vem adensar as dificuldades e preocupações.


Os relatórios da Organização Mundial de Saúde e outros organismos importantes como a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho têm vindo a chamar a atenção necessária para a situação das pessoas no local de trabalho. Nomeadamente, alguns dos números referem que 1 em cada 6 trabalhadores apresenta um diagnóstico psiquiátrico em cada ano de trabalho. Associado ao facto das Perturbações de Ansiedade e do Humor (Depressão) serem a mais prevalecentes a nível mundial. Estes e outros dados criam a necessidade de se olhar para o Capital Humano das Organizações e procurar perceber como se pode cuidar da sua saúde mental e também da saúde das Organizações. Até porque as consequências deste quadro global já se tem vindo a manifestar, nomeadamente no aumento do absentismo, rotatividade dos colaboradores, baixa produtividade.


Na realidade actual, cada vez mais as empresas e as Organizações dependem de trabalhadores que funcionem ao seu mais alto nível, que se envolvam e se entusiasmem com o trabalho, gerando ideias criativas e inovadoras que permitam às empresas e organizações manterem- se activas num mercado muito competitivo. Mais do que nunca é necessário que as mentes dos trabalhadores utilizem toda a sua capacidade. No entanto, as mudanças ocorridas no mundo do trabalho, nomeadamente, as transformações socioeconómicas, o aumento do desemprego, o aumento da incerteza e da instabilidade laboral, os contractos precários, o aumento da carga e do ritmo de trabalho, a insegurança causada pela imprevisibilidade das mudanças e reestruturações nas empresas, entre outros, estão associadas ao aumento dos riscos psicossociais com um forte impacto na saúde física e mental dos colaboradores das diferentes organizações.


No momento actual, atendendo à declaração de Emergência Nacional e outras medidas que imputam no quotidiano de todos. É ainda mais importante ter em atenção a saúde mental dos colaboradores e por conseguinte das Organizações. Para tal é fundamental que as Organizações no âmbito da sua responsabilidade social interna possa pensar em disponibilizar serviços de psicologia para poder ajudar a melhor lidar com todas as situações existentes e derivadas da reacção ao sucedido, mas também olhar para as pessoas que já antes apresentavam um conjunto de dificuldades devido ao seu diagnóstico psiquiátrico. As pessoas com um diagnóstico psiquiátrico nem sempre conseguem solicitar ajuda especializada e como tal encontram-se num estado mais difícil para lidarem com as dificuldades do momento actual. Mas as pessoas que não apresentam um diagnóstico psiquiátrico não quer dizer que estejam a salvo, até porque muitas apresentam uma predisposição para o desenvolvimento de uma perturbação de Ansiedade e ou do Humor (Depressão). A situação actual tem um conjunto de condicionamentos capaz de vir a provocar determinadas reacções mais ansiogénicas, com o poder ficar contaminado ou perder o seu posto de trabalho. E estas e outras situações precisam de ser acauteladas para que as pessoas não apenas consigam ultrapassar as suas dificuldades mas possam retomar em condições de saúde física e mental ao seu posto de trabalho assim que a situação de quarentena esteja resolvida.

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