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Mudanças com sentido

Foto do escritor: pedrorodriguespedrorodrigues

É inegável a importância do Ensino Superior e do seu papel no desenvolvimento e processos de transformação das sociedades. A Educação é um dos pilares fundamentais dos Direitos Humanos, ainda ontem celebrados, assim como da democracia, desenvolvimento sustentável e da paz. E como tal parece fazer todo o sentido que a educação no Ensino Superior seja acessível a todos no decorrer da sua vida, certo? Se a Universidade por um lado representa o locus do conhecimento, sendo um dos seus resultados a produção cientifica, por outro lado também representa o locus da pluralidade, diversidade e do respeito pelas diferenças. São sem dúvida cada vez mais as Instituições do Ensino Superior que se podem designar de espaços inclusivos. Os números nos últimos anos de pessoas com deficiência que ingressaram este espaço tem crescido. São encorajadores na sua tendência de crescimento, mas ainda ficam aquém do que seria desejado. Por exemplo, nos dados da Direcção Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, referente ao ano lectivo de 2017/18, existiam no 3º ciclo, cerca de 28000 alunos com Necessidades educativas Especiais com Plano Educacional Individual, ainda ao abrigo do Decreto-Lei 3/2008. No entanto, nesse mesmo ano lectivo ingressaram no Ensino Superior ao abrigo do Contingente Especial 231 estudantes com deficiência. E no Inquérito de Necessidades Educativas Especiais no Ensino Superior, referente a esse mesmo ano lectivo, existiam cerca de 1700 alunos com estas características inscritos em estabelecimentos de Ensino Superior. Nem todos têm de desejar entrar no Ensino Superior, é verdade. Mas convenhamos que em cerca de 28000 alunos e só estarem inscritos cerca de 1700 no ensino Superior. Faz com que muitos estejam de fora. E é preciso procurar perceber porquê? Quais as razões que podem levar a que uma pessoa com deficiência não deseje ingressar no Ensino Superior? Até porque sabemos que é importante uma formação superior para uma melhor capacitação da pessoa para a integração no mercado de trabalho. E se a empregabilidade é um pilar fundamental para as pessoas com deficiência, então urge repensar na forma como o Ensino Superior está pensado no que diz respeito à inclusão. E ainda que vos fale na grande parte das vezes acerca das pessoas com Perturbação do Espectro do Autismo, o certo é que eles parecem representar uma condição que coloca em muito o Ensino Superior e o modelo de inclusão em questão. Até porque, a Perturbação do Espectro do Autismo, enquadra-se dentro daquilo que muitos designação de uma condição invisível. E contrariamente a uma pessoa com uma condição motora, em que é visível parte da sua condição. No Espectro do Autismo não acontece o mesmo. No entanto, esta condição e algumas das suas características desafiam em muito as relações interpessoais, seja com os docentes, mas também com o pessoal técnico e os seus pares. E ainda são muitos os docentes universitários que não se encontram sensibilizados e capacitados com informação adequada para poderem interagir de uma forma adequada com estes alunos. E sim, o foco precisa de ser deixado de colocar apenas no aluno com Perturbação do Espectro do Autismo que se precisa de adequar. E é fundamental poder ajudar a que todos possam estar mais capazes de aceitar e adequar a sua actuação, nomeadamente pedagógica. Isso sim, será representante de um Ensino Superior inclusivo. Depois de ter apesentado a minha comunicação de hoje e de ter ouvido vários outros colegas que estão a trabalhar nos estabelecimentos de Ensino Superior reforcei a minha motivação e crença de que é possível continuar a construir um espaço inclusivo.


 
 
 

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