Quem é que ainda não ouviu esta piada? E quantos é que não sabem a resposta a ela? Mas talvez não saibam que ter tido um deficit na pré-história fosse um pouco melhor (em alguns aspectos pelo menos) comparativamente aos tempos actuais.
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Algumas pessoas no Espectro do Autismo acabam por socializar num nível adequado. Não obstante poderem sentir que são mais lentos ou até mesmo terem a sensação de serem inúteis. Mesmo que sintam que isso não seja verdade. Mas sabem que têm pessoas que as amam e que se sentem felizes pela sua existência.
Pensa-se que a consciencialização acerca das pessoas com perturbação mental é algo exclusivo da actualidade. Um produto da pós-modernidade sustentada no movimento humanista. Mas não! Ao que parece a humanidade, tem uma longa história de ajuda às pessoas que precisam dela. De facto, até alguns hominídeos protegiam os membros mais vulneráveis da sua tribo e tratavam-os como capital humano valioso para a sua comunidade.
Há evidência de rituais de cuidados prestados a membros da tribo com determinadas dificuldades causadas por deformações ósseas em Neandertais. Em sociedades mais antigas e com uma orientação mais espiritual, uma pessoa com perturbação pode ter sido olhada da mesma forma que uma pessoa idosa. Como alguém com suficiente sabedoria emocional derivada da experiência em orientar os outros no seu caminho muitas vezes mais tortuoso.
Talvez muitos autistas adultos pudessem ser considerados pessoas sábias e capazes se existissem há cerca de 2000 anos atrás. Apesar da Antropologia não ser o meu forte agrada-me pensar numa explicação possível para o autismo naqueles tempos. Por exemplo, o carisma nem sempre foi considerado um factor importante e valorizado na sociedade quando comparado com a capacidade de fazer o seu trabalho de uma forma intensa e manter o olhar no chão. Principalmente se pensarmos nas comunidades agrícolas onde trabalhavam famílias inteiras. Não estou com isto a advogar que a solução para o Autismo passa por uma resolução do Ministério da Agricultura. Mas dá que pensar a forma como nos dias de hoje se pensa na pessoa com perturbação mental e como se desvaloriza um conjunto grande daquilo que são as suas competências.
Numa altura em que se necessita de levar à discussão na Assembleia da Republica o estatuto de cuidador informal e que se precisa de convencer um vasto conjunto de personalidade da importância do reconhecimento deste papel social e de proporcionar um conjunto de respostas de apoio a eles...confesso que me sinto confundido de quem são os pré-históricos nisto tudo.
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